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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Salgueiro muda de rota e embarca rumo ao desenvolvimento

De olho no futuro, Município enxerga novas perspectivas com transposição das águas e a Transnordestina
Salgueiro (PE)
Saindo de Fortaleza na direção sul do País, percorrendo a principal rodovia brasileira, a BR 166, chega-se, após 642 quilômetros de estrada, à "encruzilhada do Nordeste". A localização privilegiada, equidistante de todas as capitais nordestinas (à exceção de São Luís, esta mais longe, a 1.078 km), sempre garantiu posição de destaque ao Município pernambucano de Salgueiro - o problema é que as referências sobre o local não costumavam ser bem positivas.

Antes escancarada em páginas policiais dos diversos periódicos locais e nacionais, levando a fama de "a capital do Polígono da Maconha", hoje, porém, o Município sertanejo ganha espaço nas páginas de economia e negócios, por protagonizar um dos crescimentos econômicos mais lancinantes da região. A anterior rota das drogas está dando espaço, agora, à rota do desenvolvimento.

Esta mudança de patamar salta aos olhos já na entrada da cidade, dali mesmo da rodovia. Olhando para o lado direito, uma intensa movimentação de máquinas e pessoas envolvidas na construção da ferrovia Transnordestina, onde também se encontra já instalada a maior fábrica de dormentes do mundo. À mesma altura, do lado esquerdo, observa-se agitação semelhante, desta vez mobilizada pelas obras da transposição do Rio São Francisco.

De um lado e de outro, Salgueiro concentra os dois principais equipamentos estruturantes em execução do Nordeste, sendo tida hoje como o marco zero da nova realidade que se espera ter na região.

Logística entra em cena
As expectativas de que este se torne o maior entroncamento rodoferroviário nordestino atraem inúmeros outros negócios para o local. A logística é a palavra forte, e já se planeja a construção de um aeroporto regional, para quando os novos empreendimentos estiverem a pleno vapor.

Salgueiro, assim, parece ser a bola da vez do sertão pernambucano - e a afirmação torna-se mais cabível ainda com a elevação do seu time, o Carcará, à série B do Campeonato Brasileiro. Se o desempenho do time futebolístico for tão promissor quanto o que se espera para o futuro econômico da cidade, o Carcará já tem garantido o seu passaporte para a Série A.

De acordo com o prefeito do Município, Marcones Libório de Sá, os projetos em desenvolvimento na cidade, envolvendo os públicos e privados, incluindo ainda uma fábrica de computadores, uma adutora, entre outros, já geram cerca de 15 mil empregos. Gente de lá e de fora movimenta aquele sertão, impactando fortemente os setores de comércio, serviços e construção civil.

Demanda hoteleira cresce
A rede hoteleira, por exemplo, já encontra dificuldades em abrigar a crescente demanda, estando já no limite de seus hoje insuficientes 820 leitos. O comércio comemora crescimento de 50% nas vendas e a Prefeitura, seguindo no mesmo bonde, registra uma arrecadação com ISS (Imposto sobre Serviços) quatro vezes maior, só de um ano para outro.

Primeiro shopping
Como símbolo dos novos tempos naquele sertão, onde a população agora já pode também ser chamada de consumidora, o município irá inaugurar, em novembro deste ano, o seu primeiro shopping center, que terá uma praça de alimentação e 50 lojas, inclusive âncoras como O Boticário, Americanas e Sorvetes Nestlé.

"Salgueiro não tinha nada, nem perspectiva. Vivia do bode, e estava no centro do Polígono da Maconha. Hoje, está se desenvolvendo e planeja inúmeros investimentos para o futuro", comemora o prefeito.

MODAL DE TRANSPORTESMunicípio quer ser centro de distribuição
Faz apenas quatro anos que a história de Salgueiro começou a mudar. Foi no ano de 2007 que os projetos bilionários, puxados pelo governo federal, começaram a aportar por lá e, agora, com novas perspectivas, o município já planeja a expansão de seus negócios.

Aproveitando sua condição geográfica como epicentro do Nordeste, Salgueiro quer avançar na criação de uma plataforma logística multimodal, reforçando, também, o seu potencial para o setor secundário, formando um distrito industrial.

"A ideia é interligar os modais de transporte da cidade: a ferrovia, a rodovia e o aéreo, este ainda a ser implantado", explica o prefeito Marcones Libório. E a ideia parece que já está sendo comprada: o município já tem recebido visitas de empresários interessados em investir na plataforma.

O projeto está desenhado para ficar no cruzamento das BRs 166 e 232, a 12 quilômetros do centro da cidade, atuando dentro do conceito de um porto seco, concentrando cargas e serviços aduaneiros. O plano diretor já foi concluído, e cerca de 300 hectares já estão desapropriados para sua implantação.

A área funcionará para transbordo da ferrovia, contando ainda com estação de tancagem da Petrobras e toda área para criação de indústrias. "Ela movimentará sete mil empregos diretos com as indústrias. O ´time´ disso tudo é a ferrovia", informa o prefeito.

   

No momento, está sendo definido o modelo de construção e operação da plataforma, se será através de investimentos governamentais, se por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada) ou por concessão. Após essa definição, começa o processo licitatório.

Ferrovia comanda
Como a Transnordestina está programada para operar em 2012, é a partir dessa data que os planos devem começar a sair do papel. Além das centrais de cargas (rodoviária, ferroviária e aeroviária), a plataforma terá um centro comercial e de serviços e um centro agroindustrial, além de uma área hoteleira.

O prefeito informa que o projeto agregará a produção da região, como a soja e fertilizantes do Piauí, cimento do Ceará, frutas de Petrolina e Juazeiro, álcool, algodão e açúcar de Pernambuco, o sal do Rio Grande do Norte, entre outros.

Fonte: Diário do Nordeste

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