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sábado, 14 de maio de 2011

Eduardo sugere ao PSDB esquecer 2014

Coluna da Folha de Pernambuco do sábado, 14/05/11
Numa longa entrevista publicada ontem no mais influente jornal de negócios do país, o “Valor Econômico”, o governador Eduardo Campos aconselha o PSDB a esquecer 2014 e a preparar o partido para embates futuros, seguindo o pensamento político do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que continua sendo, em sua opinião, a principal cabeça pensante da legenda. Recentemente, FHC sugeriu ao PSDB direcionar suas atenções para as classes médias porque o “povão” já é do PT.
“O PSDB não deveria olhar para 2014, porque o jogo de 2014 está, de certa forma, jogado. Um governo que se sai bem, que faz o dever de casa, se reelege. Nada indica que a presidente Dilma não chegue a 2014 em condições de ser reeleita. E se ela por acaso disser que não quer mais, tem a seu lado alguém que se dispõe (a ser candidato), que é o presidente Lula. O PSDB deveria olhar para mais longe, para onde a vista de Serra não alcança mais”, disse o governador de Pernambuco na entrevista.
Aos 44 anos de idade, ele é o homem público de sua geração que melhor tem jogado o jogo político com vistas ao “pós Dilma”, deixando para trás o senador Aécio Neves, que tem se revelado no Congresso um político mediano e sem um pensamento econômico consolidado para se apresentar ao país como candidato a presidente da República. Eduardo Campos direcionou suas atenções para 2018 e tem no PSD do prefeito Kassab um importante aliado para tentar consumar o seu projeto.
Entrevista 1 – A entrevista de Eduardo Campos ao jornal “Valor” rendeu-lhe vários telefonemas no dia de ontem, sobretudo de políticos e empresários do Sul. Dilma Rousseff também o parabenizou pela entrevista, que foi o assunto mais comentado, ontem, no Distrito Federal.
Entrevista 2 - Num dos trechos de sua entrevista, o governador diz que a Oposição não leu o artigo de FHC na revista “Interesse Nacional”. E lamenta que aquela aula de lucidez política tenha sido prejudicada pela leitura distorcida de uma única frase em que se refere ao “povão”.
Entrevista 3 – Com quase 80 anos de idade, mas ainda inteiro e lúcido, FHC aconselhou o seu partido a procurar apoio nas classes médias, de certa forma carentes de representatividade, porque o voto do “povão” já é do PT, que conseguiu conquistá-lo com programas sociais clientelistas, cooptação das Centrais Sindicais e outros tipos de ação política menos nobres.
Entrevista 4 – Numa linha parecida com a do ex-presidente, Eduardo Campos disse ao jornal “Valor” que “além de perder três eleições seguidas e não construir uma unidade interna (vide a eterna briga de Serra com Aécio), mais grave (para o PSDB) é não encontrar o mote, o conjunto de ideias que reúna as pessoas e que possa despertar a atenção do país”. Aécio Neves gostou.

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