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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Caravana do Cremepe denuncia precariedade de unidades de saúde no sertão

O lixão municipal de Mirandiba recebe, além de lixo comum, despejos hospitalares. O material não é tratado e sai direto da unidade de saúde da cidade para o lixão, onde catadores mantém contato direto com os materiais, sem qualquer tipo de proteção, como informa o Diário de Pernambuco. O transporte escolar do município é uma das formas de transportar doentes até o socorro e, em meio a eles, também há quem aproveite a ‘carona’ para o tráfico.
Em Moreilândia, a maternidade da cidade funcionava em um antigo gabinete administrativo, onde não há água corrente ou condições de higienização. As denúncias foram realizadas pelo balanço da 7ª Caravana Cremepe/Simepe, divulgado pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe), na manhã desta segunda-feira (29) e incluem avaliações de outras 51 cidades do sertão pernambucano.
No lixão de Mirandiba, é possível encontrar seringas, tubos de ensaio ou coleta e medicamentos vencidos. O descarte foi constatado pela médica Polyanna Neves, que confirmou a denúncia junto à Unidade Mista Ana Alves de Carvalho e ouviu os relatos da população sobre o problema do tráfico na cidade. A realidade é bem parecida com o que também ocorre em Orocó. No Hospital Municipal Eulina de Novaes Bione, não há qualquer tipo de separação do lixo hospitalar, que segue para descarte junto ao orgânico, o que aumenta riscos de contaminações.
Situação ainda mais grave foi encontrada em Moreilândia. Com o prédio oficial em reformas, a Unidade de Saúde Santa Terezinha funciona de forma improvisada. “Mesmo para partos simples há sérios riscos de infecção às pacientes e aos recém-nascidos”, afirmou a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, coordenadora do grupo Verde. Por recomendação da instituição, a Secretaria de Saúde do município encerrou temporariamente as atividades da unidade.
Na cidade de Betânia, a unidades de saúde foi encontradas sem coleta seletiva, lavanderia hospitalar ou mesmo com medicamentos de validade vencida. Em Lagoa Grande, os fiscais encontraram dura realidade de atendimento médico disponível apenas três dias por semana, restrição parecida com a de Santa Filomena, onde não há médico responsável, tratamento do lixo e a estrutura ainda apresenta infiltrações, mofo e parte do reboco das paredes comprometida.
Em Calumbi, o abandono da Unidade Mista Vereador Silvin Cordeiro impressiona. Além de ambientes vazios, camas sem colchões e gatos e baratas dividindo espaço com os armários de medicamentos e o que seria um laboratório, a unidade funciona apenas na parte da manhã e sem qualquer estrutura. “A situação é completamente precária. A funcionária da lavanderia contou que usa apenas uma luva que ela mesma trouxe de casa para trabalhar”, afirmou a diretora do Simepe, Cláudia Andrade.
Caravana – Durante uma semana, 40 profissionais de saúde percorreram 52 cidades do sertão do estado, com o objetivo de inspecionar unidades de saúde para verificar a qualidade do serviço prestado à população pernambucana. Todos os registros realizados serão compilados em um relatório, que será disponibilizado aos cidadãos, bem como aos gestores públicos. “Apesar de ficar só meio expediente numa cidade, a Caravana causa uma grande repercussão. Não temos a pretensão de mudar a realidade, mas o fato dela causar uma mobilização naquela localidade já faz com a Caravana cumpra seu papel”, concluiu o coordenador da iniciativa, Ricardo Paiva.

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